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Cansado de defender o direito dos fumantes, parto para o ataque: por que não proíbem a circulação de automóveis em qualquer local público? Assim como fizeram com o cigarro, não seria proibida a fabricação e comércio de carros, apenas o uso em ambientes em que possam prejudicar a saúde alheia.
As leis antifumo só são aprovadas aos borbotões mundo afora por um único motivo: fumantes são minoria e estão espalhados em todas as camadas sociais. No Brasil, dizem, são uns 16 por cento, "prejudicando a saúde" de 84 por cento das pessoas.
Mas... e quanto aos carros? Em dezembro de 2009, havia no Brasil 34.536.667 automóveis, segundo o Denatran (http://www.denatran.gov.br/frota.htm). Supondo que cada um desses carros pertencesse a um brasileiro, o que é mentira, significa que proibir os carros prejudicaria apenas 18% da população brasileira. Isso mesmo: só DEZOITO POR CENTO dos brasileiros têm carros. Os 18% mais ricos, é lógico.
Ou seja: 82% da população é obrigada a respirar resíduos da combustão de petróleo e/ou conviver com o futuro do aquecimento global (isso inclui os movidos a álcool). Embora o fim da humanidade não me comova, antes pelo contrário, repito: por que não proibem os carros?
A lei anticarro seria parecida com as leis antifumo: os proprietários de veículos só poderiam usá-los nas próprias garagens. Ou no quarto, na cozinha ou no banheiro de suas casas. Se o carro for bacana, pode deixá-lo na sala. O dono do carro poderia usá-lo para ir de um cômodo a outro da casa. Para tomar um copo de água, teria de ligar seu carro, desviar dos móveis da sala e achar uma vaga no estacionamento da cozinha.
Quando a lei anticarro for sancionada, farei campanha para que seja permitido fundar uma cidade só para motoristas. Todos circulariam à vontade com seus carros, respirariam o que quisessem, e não deixariam, jamais, que o Estado interferisse na sua livre determinação para morrer como bem entendessem.
Pois essa é a face maldita das leis antifumo: não é permitido existir um bar de fumantes! Isso revela que os governantes querem não é proteger a saúde pública. É exercer o autoritarismo narcísico de tomar para si a vontade do outro. São como os pedófilos, cuja fonte de prazer está no engodo e no controle.
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5 comentários:
Concordo plenamente! E olhe que nem fumo. Mas é que agora está na moda criar lei proibindo as coisas. Logo logo vão proibir o sal, o açúcar, o sexo...
quanta bobagem.
Muito bom o texto. Essa coisa do Estado querendo controlar o que e onde podemos fazer as coisas me faz pensar em um futuro parecido com a realidade descrita por George Orwell em 1984.
O jeito é acender um cigarro e relaxar...
Boas tragadas, Ruryk! E, como tudo sempre pode piorar, o nosso Big Brother conseguiu ser muito mais lesivo do que o imaginado pelo Orwell.
P.S. Legal seu blog! Especialmente o post sobre o aborto. Vou lá assinar embaixo.
Maurício, essas três coisas já estão proibidas. No caso, proibidas pelos médicos e não por um político sabidamente hipocondríaco.
Você é que é indisciplinado e teima em praticá-las.
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