Graças a sei lá qual defeito (do avião, do piloto ou do tempo, pouco importa), o bagulho finalmente ficou divertido. Dilma está apavorada, Aécio "melou" (vai precisar de outro helipóptero pra aspirar esse fato), Campos finalmente conseguiu projeção nacional e a Marina vai ter de trair o evangelhismo e incorporar numa roda de candomblé o Chico Mendes pra perguntar o que fazer. Recomendo ayahuasca da boa.
O divertido, de fato, é ver a reação dos meus amigos flaflu. Estão mais perdidos que cachorro em dia de mudança. Os "flu" estão apavorados com o primeiro turno, quando o Aécio Collor das Neves (em inglês, "snow") vai melar. Os "fla" estão aterrorizados com o segundo turno, quando uma maluca pode ganhar.
Façam as contas: tanto o defunto quanto a quase-defunta Marina foram ministros do Lula e da Dilma. Em quem esses caras votarão se o segundo turno for flaflu? Votarão no Dilmão. O Aécio está completamente na lona.
Não voto desde julho de 2002, quando o PT divulgou a "Carta aos Banqueiros", sob o codinome "Carta aos Brasileiros", onde prometia ser mais eficaz do que os coxinhas do PSDB em dar migalhas aos pobres e manter os lucros dos ricos. Os banqueiros e demais famílias que mandam no Brasil resolveram, embora com reservas, dar esse voto de confiança ao Lula. O truque deu certo. Afinal, se não mexessem nos lucros dos bancos, era melhor alguém que anestesiasse os movimentos populares e jogasse ao mar (mais precisamente à Papuda) as lideranças de esquerda do que um coxinha de Higienópolis ou um hipocondríaco com cara de vampiro, muito menos um picolé de chuchu.
O resultado é que o Olavo Setúbal declarou: "Nunca ganhei tanto dinheiro quanto no governo Lula" e "Voto no Lula até morrer". Dito e feito. Lula estava lá, segurando uma alça do caixão do Setúbal no enterro do cara. O Itaú teve um lucro líquido de 4,4 bilhões no primeiro trimestre de 2014. E o Bolsa-família reduziu significativamente a mortalidade infantil no nordeste.
Dizem que os banqueiros ficaram meio putinhos quando o Dilmão baixou os juros da Caixa e do BB. E dizem que a Marina não gosta muito dos agronegócios mas adora os cosméticonegócios. Mas só.
Se o segundo turno der Dilma X Marina, vai ser divertidíssimo. Vamos ver quem manda mais no Brasil: se os fazendeiros ou os banqueiros.