Li há tempos o texto na Folha do Álvaro Pereira Júnior, que conheci pouco pessoalmente mas muito admiro, sobre o Millôr. É uma merda ter um blog chamado "Isso não me comove" e ficar comovido quando morre alguém ou quando alguém escreve qualquer coisa. Paciência. E o que é pior: fazer um post, algo que eu decidi ser raro. Ok, não é todo ano que morre um Millôr.
Fiquei comovido com o artigo porque eu também tenho meu exemplar de "Trinta Anos de Mim Mesmo", do Millôr. Só não está tão detonado quanto o exemplar do Álvaro provavelmente pelo fato de eu não ter consultado, tantas vezes quanto ele, aquela foto completamente improvável do nu frontal, em um livro, na estante de casa. Isso era bastante improvável naquele tempo. Não sei como alguém que fez Química na USP (o Álvaro) tinha esse livro em casa. Meu pai era jornalista, ok. E o dele?
Acontece que vi um título na home do UOL, segundo o qual o Ziraldo comparava o Millôr ao Chico Anísio. É como comparar o Planck com um chipanzé de circo. Nem entrei no link.
O Ziraldo foi completamente infeliz, mais de uma vez na vida. Li no Pasquim, quando eu tinha a idade do Álvaro lendo o "Trinta", ou seja, antes do Álvaro, um texto que eu acho que era do Jaguar sobre o Ziraldo. Falava que o caratinguense tinha um "desenhímetro", um taxímetro de desenhos para ganhar dinheiro com publicidade e coisas afins. O cara sentava na prancheta e ligava o desenhímetro. Ninguém com menos de 55 anos sabe o que era o Pasquim ao vivo. Eu também, em 1969, como o Álvaro, nos anos 70, não entendia 10% do que estava escrito ali. Mas lia, por intuição, sei lá.
Só tem dois mortos que eu realmente admiro (não cito os vivos porque sei a merda que é o ego, e meu próprio ego acha que eles vão ler esse post). Um chama Millôr Fernandes, o outro, Marcel Duchamp. Os dois foram irrepreensíveis e irrefutáveis. Um destruiu o humor (por não deixar mais opções, apenas exercícios de aeróbica), o outro, a Arte, pelos mesmos motivos.
Putz, tem o Zappa também, mas esse chegou tarde demais.